Mineiros têm exigências peculiares na hora de comprar imóvel

quarta-feira, 28 de março de 2012

     Para Jorge Luiz Oliveira de Almeida, diretor de comunicação social do Sinduscon-MG, a    
                         desconfiança natural dos mineiros exige mais das construtoras



O mineiro tem suas particularidades, seja na cozinha, no jeito de falar, paquerar ou escrever. Também é único ao escolher imóveis, com exigências bem próprias. Não chega ao ponto de pedir um fogão a lenha na varanda, mas quer a varanda. Gosta de espaços arejados e de receber o apartamento pronto, já com pisos e revestimentos. Em outros estados, o imóvel é entregue no “osso”, como dizem no meio imobiliário, e os novos proprietários é que ficam responsáveis pelos retoques.
Na avaliação de Carlos Eduardo Terepins, diretor-presidente da Even Construtora e Incorporadora, “o público mineiro busca um contato mais próximo com a empresa. O atendimento pessoal é bastante valorizado e amplia os laços de confiança. É preciso manter uma estrutura regional própria e sempre procurar ouvir as demandas e dar retorno a elas. O relacionamento de um comprador de imóvel com a construtora é duradouro e precisa ser o mais transparente possível”.
Jorge Luiz Oliveira de Almeida, diretor de comunicação social do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), diz que a desconfiança natural dos mineiros exige mais das construtoras. “O mineiro busca informações sobre a empresa com amigos, na internet e onde mais for possível. Quer ser bem atendido. Nas faixas mais elevadas, exige revestimento com cerâmica. As empresas que chegam para atuar em Minas precisam fazer pesquisas, buscando informações detalhadas sobre o mercado, e entender a cultura local”, pondera.
Para Carlos Eduardo, o consumidor é bastante exigente e se torna fiel às marcas que o atendem bem. “No setor imobiliário, novas empresas começaram a atuar nos últimos anos, como a Even, que chegou a BH em 2007, e o desafio de conquistar esse consumidor é grande.”
O mineiro quer encontrar o imóvel pronto. “Não gosta de ter o trabalho de resolver depois da entrega das chaves questões de acabamento, por exemplo, como pisos ou revestimento. E é algo que pode até sair mais barato, pois se cria um padrão para todo o edifício e é possível negociar a compra em maior quantidade do material usado” avalia Jorge.

HÁBITO 

Alguns costumes vão se alterando com o tempo. “Houve uma época em que a tábua corrida era muito valorizada, mas, por uma questão ambiental, os mineiros se conscientizaram de que era melhor usar o laminado. Aceitaram bem a mudança. O mesmo ocorreu em relação à descarga, que antes era válvula e hoje é caixa acoplada, pois permite jatos de seis e 12 litros e é mais econômica”, enfatiza Jorge.

Atualmente, os mineiros querem qualidade, mas também buscam custo/benefício. “Ninguém quer pagar uma fortuna pela taxa de condomínio. Então, as construtoras passaram a fazer prédios com mais unidades. Foi algo que também mudou em relação ao passado, quando morar em edifícios com apenas um apartamento por andar era considerado chique. Essa lógica do custo/benefício também trouxe mudanças, como o videofone, em que o morador consegue ver quem toca o interfone. Essa tecnologia permitiu a dispensa do porteiro 24 horas em alguns condomínios, ou mesmo unidades mais enxutas, já que o edifício oferece área de lazer e as pessoas estão passando o dia todo fora de casa”, ressalta José De Filippo Neto, presidente da célula Belo Horizonte da Rede Netimóveis.

O padrão de exigência do mineiro também percebido na culinária, na produção da cachaça ou no famoso pão de queijo faz com que tudo o que é bem aceito aqui seja bem recebido também fora do estado. “O mercado mineiro e o paranaense são considerados pilotos. Se der certo em Minas, assim como no Paraná, é fato que vai funcionar no Rio, São Paulo, Brasília e em todo o país. Mas nem sempre a recíproca é verdadeira”, garante Jorge Luiz Oliveira de Almeida, diretor de comunicação social do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
Um exemplo do padrão mineiro de qualidade é a exigência do uso de mármore ou granito pelos públicos A e B. “Minas sempre foi campeã nesse quesito. Exigia as pedras como piso, nas bancadas, no banheiro. Isso é algo que vem de longa data. Agora é que tem começado a aceitar outro tipo de acabamento, porque surgiram cerâmicas de ótima qualidade, que não arranham e com dimensões grandes, como 1,2m. Mas em bancadas a exigência ainda é de mármore.”





O presidente da célula Belo Horizonte da Rede Netimóveis, José De Filippo Neto, lembra que, quando a construtora Gafisa começou a atuar em Minas, fez seu primeiro residencial no Sion. “Foi o Edifício Los Angeles, com muitas opções de lazer, num terreno enorme. Tudo muito inovador e de alto padrão. Mas não revestiram o prédio. Lembro que, na primeira reunião de assembleia dos moradores, já solicitaram a criação de um fundo para revestir o prédio em granito. Isso retrata bem o comportamento do mineiro em relação aos imóveis”, comenta
Buscando agradar ao consumidor, a Even criou um sistema batizado de Excluseven. “Oferecemos algumas opções de plantas e acabamentos para que o cliente receba seu apartamento mais adequado às suas necessidades. Entendemos que itens de decoração são muito pessoais”, alega Carlos Eduardo Terepins, diretor-presidente da Even Construtora e Incorporadora.
O diretor de comunicação do Sinduscon garante que o mineiro quer tudo aquilo que agrega valor. “Quer boas vagas de garagem, praticidade, varanda, ambientes arejados e tudo o mais.” A varanda, por exemplo, pode não ser algo decisivo na hora da compra. “Mas, se o consumidor gostar de dois apartamentos e apenas um tiver varanda, pode ser um diferencial na tomada de decisão”, pontua De Filippo.

DIFERENCIAIS 

Ainda segundo ele, as construtoras que vieram de fora só agora começam a ter seu trabalho julgado pelos mineiros. “Elas chegaram há quatro, cinco anos. Então, somente recentemente começaram a entregar seus imóveis para os compradores. É importante para as construtoras que eles gostem dos imóveis e recomendem. Mas muitas delas apostaram em empreendimentos de alto luxo, em grandes terrenos, de alto padrão. Por outro lado, muitas também tiveram problemas com atraso na entrega das chaves e isso implica uma série de desconfortos. Muitas vezes, quem está comprando um imóvel já planeja a venda daquele em que mora de acordo com a data de entrega das chaves do novo. Então, quando ocorre um atraso, há desgaste e prejuízo”, avalia.

Para Carlos Terepins, quando o cliente está bem informado sobre as causas do possível atraso, a relação de transparência permanece, mesmo que a situação não agrade a nenhuma das partes. “Em decorrência da falta de mão de obra, alguns projetos enfrentam atrasos na entrega em todo o país. Para amenizar essa questão, o importante é a informação. A construtora deve manter uma comunicação permanente com seus clientes, pois sabe qual é o impacto de uma reprogramação. Quanto antes informar o cliente sobre os acontecimentos, melhor”, pondera.

0 comentários:

Quem somos

Minha foto
Colocamos as expectativas de nossos clientes externos e internos no ponto central da nossa atuação. O nosso sucesso é medido atraves da satisfação dos clientes com nossos produtos e serviços e de sua fidelidade com relação a empresa.

Seguidores

Marcadores