Utilização do aço cresce no Brasil como alternativa de material sustentável

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Foto: Eduardo Almeida/RA.Studio

Desde as primeiras décadas do século 20, que marcaram os avanços da siderurgia brasileira, impulsionadas pelo surto industrial ocorrido entre 1917 e 1930, o aço vem ganhando cada vez mais destaque na construção civil. Atualmente, casas, prédios, equipamentos urbanos, sistema drywall, engradamento metálico, esquadrias, coberturas e passarelas são só alguns dos locais onde o material pode ser encontrado no dia a dia.
Os avanços tecnológicos e o crescimento do uso do aço também possibilitaram o desenvolvimento de novas alternativas para a construção de casas que contribuem para a redução do prazo de execução da obra. Outras vantagens do material são a possibilidade de uma construção limpa e de o aço ser um material 100% reciclável.
Engenheiro civil e coordenador do curso de especialização em construção civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dalmo Lúcio Mendes Figueiredo conta que a elevada resistência à compressão e à tração é um dos motivos que faz com que o aço tenha uma grande aplicação na construção civil. ”Ele se integra muito bem com o concreto, formando o concreto armado.”
O professor explica que os dois materiais têm o coeficiente de deformação parecido, ou seja, quando submetidos a carregamentos, as deformações dos dois ocorrem de maneira uniforme. “Sem o surgimento de fissuras que poderiam ocasionar a diminuição da durabilidade ou o colapso da estrutura”, completa Dalmo Figueiredo.
Além da aplicação no concreto armado, o professor fala que o aço pode ser usado formando estruturas (esqueletos) para receber os carregamentos das edificações – móveis, equipamentos e pessoas, além do peso próprio. “São as estruturas metálicas que a cada dia vêm aumentando a participação na construção civil”, explica.
Superintendente do Instituto Aço Brasil, Catia Mac Cord Simões Coelho diz que o potencial de associações entre o aço e o concreto é enorme e ainda pouco explorado no contexto brasileiro. “Os materiais são totalmente compatíveis (caso contrário, não existiria o concreto armado) e a concepção das estruturas de aço, complementadas com concretagens feitas no próprio canteiro de obras, é positiva para ambas as tecnologias”, conta.
Catia explica que a estrutura de aço confere ao concreto moldado in loco sua alta produtividade e reduz o peso global com pilares dimensionados para a etapa de montagem. “O concreto, por sua vez, ameniza as incidências físicas mais intensas em soluções industrializadas, reduzindo seus custos diretos, e gera um produto final mais próximo das expectativas culturais brasileiras”, avalia.

Difusão

Apesar dos benefícios, o uso de estruturas metálicas ainda não está tão difundido no Brasil como ocorre no exterior, segundo Dalmo Figueiredo. Uma das razões para isso são avaliações de custos inadequadas.
“A questão cultural pouco a pouco está sendo assimilada, com as vantagens que o sistema apresenta. O aspecto econômico hoje também está sendo suplantado com a consideração dos ganhos indiretos inerentes ao processo.”
Diretor de planejamento da Pórtico Construções Metálicas, Flávio Gibram diz que, apesar de ter o uso bastante difundido em praticamente todo o mundo, isso não ocorre de maneira uniforme. “No caso do Brasil, apesar de ser o maior exportador de minério de ferro e tradicional produtor de aço, a sua utilização ainda está bem abaixo de países como os Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Austrália.”
A superintendente do Instituto Aço Brasil levanta a hipótese de que talvez a principal questão seja o desenvolvimento dos elos do mercado imobiliário. “Só agora eles estão sendo consolidados em nosso contexto, com a presença maciça de investidores e demanda interna aquecida, exigindo maior produtividade dos meios de produção na construção civil”, diz Catia Coelho.
Contextualizando, o professor Dalmo Figueiredo fala que o projetista geralmente depara-se com a necessidade de optar entre uma estrutura metálica ou uma estrutura em concreto armado. “A comparação não é simples, pois, para cada caso, deverá ser considerado o melhor proveito de cada um dos sistemas e ainda ponderar a possibilidade de utilizar a estrutura mista. O custo/beneficio deverá ser cuidadosamente avaliado”, aconselha.
Fonte: Júnia Letícia/Jornal Estado de Minas

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